A EN 236-1, que ficou conhecida como "a estrada da morte", aparece na capa da "Visão" de 22-6-2017, um dossier especial de 33 páginas, mostra a imagem fatasmagórica desta estrada, algum tempo depois do "tornado de fogo" por lá ter passado.
"Nunca tinha visto chover fogo" conta Tito António Luz, um sobrevivente: "o vento arrancava a carrasca dos pinheiros e atirava-a, a arder, para cima de nós. E chegou num instante. Andou tanto tempo à volta de Pedrógão e de repente veio para cá. Foram dez minutos. Uma bola de fogo que atravessou isto. Um tremor de terra que passou por cima."
Os relatos dos sobreviventes são impressionantes. Um nevoeiro abrasador e espesso, que queimava os olhos que se fechavam, que queimava tudo por dentro, ao respirar. Os pneus esplodiam, as jantes ficavam presas no alcatrão derretido. Queimados dentro dos carros, ainda vivos.
"Dentro do inferno".
Alguns escaparam, por minutos, outros morreram por minutos. Uns morreram porque saíram de casa, outros morreram porque ficaram em casa. Um cão salvou-se, amarrado a uma corrente, enquanto os donos pereceram fechados dentro de casa, a poucos metros. Em Nordeirinho, uma roseira com rosas róseas ficou intacta, ao pé das couves secas, mas não negras, enquanto à volta estava tudo negro.
"Os carros abanavam violentamente". "Troncos grossos partidos pela base".
Pedrógão Grande, Figueiró dos vinhos, Castanheira de Pêra, Pobrais, Nordeirinho, são nomes de algumas localidades afectadas pelo fogo.
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Os três trinta
Carlos da Câmara, climatologista: "Mais de 30º, com menos de 30% de humidade relativa e ventos superiores a 30 km/hora. Poderíamos acrescentar também 30 dias sem chuva. Eis um caldeirão perfeito para um cocktail molotov."
Uma fotografia do dia 19-6-2017, o céu estava branco. |
Boa Noite |
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